“O novo é muito bom”, afirma Ricardo Appezzato, coordenador artístico-pedagógico do Guri, ao fazer um balanço do ano das atividades de 2016. No ano em que completou seu oitavo aniversário sob gestão da Santa Marcelina Cultura, o Programa Guri realizou 60 concertos oficiais dos Grupos Infantis e Juvenis – seis por formação –, promoveu 10 intercâmbios entre polos, lançou mais um CD, e iniciou um programa na internet. Tudo isso apostando no novo, na busca por novas formas de ensinar e fazer música.
Concertos
E a programação dos Grupos Infantis e Juvenis dá uma boa mostra dessa “mistura”, a que o coordenador se refere. A ideia era levar a educação musical coletiva a um novo patamar. Além das práticas de grupos, era hora de criar uma espécie de intercâmbio entre conjuntos, entre estilos, entre formas de fazer música. “Nesse ano tivemos várias ‘primeiras vezes’”, diz Ricardo. “Tivemos a Orquestra Sinfônica Infanto-Juvenil e a Big Band tocando com um grupo de música popular, o Pau Brasil; tivemos o André Marques, que é um artista da música de improviso, super inventivo, tocando com a Big Band e o Regional de Choro”.
Ao mesmo tempo, os Grupos Infantis e Juvenis mantiveram seus “namoros antigos”, como explica o coordenador, lembrando da maestrina Ana Yara Campos, que esteve à frente do Coral Infantil pelo seu terceiro ano, e o contrabaixista e regente francês Thibaut Delor que comandou a Orquestra de Cordas Infanto-Juvenil desde 2015.
“Eu sempre faço questão de acompanhar as apresentações dos grupos”, conta, “E o crescimento musical fica muito evidente”. Ele se refere não apenas aos grupos que receberam convidados especiais, ou que realizaram intercâmbios com outras formações. No caso da Banda Sinfônica Juvenil, que teve uma temporada ‘tradicional’, com regentes convidados e explorando o repertório estabelecido, Ricardo destaca o amadurecimento do conjunto. “A Banda Juvenil me assustou. O desenvolvimento musical é impressionante, a rapaziada já tem uma sonoridade construída.”
Intercâmbios
A difusão artística, os concertos realizados pelos Grupos Infantis e Juvenis, é aquilo que é mostrado ao público, é o resultado do trabalho do Programa Guri. Mas o coordenador artístico-pedagógico ressalta também o processo que está por trás, e menciona a importância dos intercâmbios entre polos na formação dos alunos. Os eventos, que reúnem crianças e adolescentes de polos distintos em atividades com debates, palestras e apresentações musicais, acontecem desde 2015, mas teve em 2016 uma renovação.
Visita da Leerorkest
Em outubro, o Guri recebeu professores e gestores da Leerorkest – programa de educação musical infantil baseado na cidade de Amsterdã, na Holanda. A visita foi mais uma etapa na parceria criada entre a instituição holandesa e a Santa Marcelina Cultura, organização social que administra o Guri desde 2008, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
Durante uma semana, os holandeses realizaram visitas a polos de ensino do Guri, e aprenderam como funciona, na teoria e na prática, a filosofia do educador Paulo Freire, cujo pensamento serve de base para as atividades sociopedagógicas do Guri.
“Foi importante receber os músicos da Leerorkest, que se interessaram bastante pela nossa pedagógica social e pelos resultados musicais dos grupos”, afirma Ricardo. “É curioso perceber que, assim como a gente aprende com trabalhos feitos lá fora, na França, na Holanda, eles também têm bastante a aprender com o que fazemos aqui. Foi uma experiência muito boa, de troca de conhecimentos”. (Leia mais sobre a visita da Leerorkest aqui.)
Lançamento do CD Retratos Brasileiros
Um dos acontecimentos mais marcantes do ano, no Guri, foi o lançamento do CD Retratos Brasileiros, da Camerata de Violões Infanto-Juvenil. “É um sonho realizado”, declara Ricardo, visivelmente empolgado. “E veio na hora certa. Agora temos a prova material do trabalho artístico e pedagógico da Camerata”.
Formado por 10 músicas compostas, transcritas ou arranjas especialmente para a Camerata de Violões, o disco foi gravado em 2013 e lançado em novembro deste ano. Em 2017 será publicado um Caderno de Partituras, as peças do CD, em edição bilíngue. O projeto é voltado especialmente para o ensino coletivo de violão.
De acordo com o coordenador, o CD e a publicação das partituras é um passo importante não apenas na história do Guri ou da Camerata de Violões, mas na tradição do violão brasileiro. “Diferentemente de uma banda sinfônica ou uma orquestra, a formação da camerata de violões não tem um repertório estabelecido. Tem uma obra aqui e outra ali, muita coisa para violão solo, mas quase nada de material para uma orquestra de violões. Agora temos esse registro, o CD, as partituras. Imagina o que isso vai significar daqui 10, 20 anos?”
Websérie Projetos Especiais
Outra grande novidade de 2016 do Programa Guri foi a estreia da websérie Projeto Especiais. Produzido especialmente para a internet, o programa acompanha os bastidores e apresentações dos Grupos Infantis e Juvenis. Em sua primeira temporada, que contou com três episódios, a websérie mostrou ao público o processo artístico-pedagógico das apresentações do Coral Juvenil com o pianista, compositor e maestro norte-americano Keith McCutchen; o show conjunto da Big Band e do Regional de Choro Infanto-Juvenil com o multi-instrumentista André Marques; e os concertos da Orquestra Sinfônica Infanto-Juvenil com o maestro venezuelano Diego Guzmán.
A websérie, para Ricardo, apresenta um lado do Guri que, segundo ele, o público ainda precisava conhecer. “Os concertos mostram que é possível, sim, fazer boa música. Agora a gente precisava mostrar o processo que acontece nos bastidores, entre os artistas convidados e as meninas e os meninos dos grupos. A websérie mostra a alquimia que rola nesse contato.”
No ano que vem
Em 2017 o Guri continuará inovando. “Vamos voltar ao conceito do ‘laboratório’. Vamos misturar e ver no que vai dar”, diz Ricardo. A programação, já praticamente fechada, prevê mais intercâmbios entre grupos, mais atividades conjuntas e convidados especiais. Seguindo a linha deste ano, 2017 deve ser um ano desafiador. Os Grupos Infantis e Juvenis explorarão repertórios distintos, novas formas de fazer música, com convidados consagrados e parcerias provocativas. O coordenador está confiante com os resultados dessa nova “alquimia”. “Eu ainda não sei como vai ser, mas tenho certeza que vai ser muito bonito”.
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