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Tomorrow?s Leaders Today promove encontro de estudantes para refletir sobre o futuro da música

13 de maio de 2016

 Democratização. Esse foi o principal anseio apontado pelos estudantes que participaram do Tomorrow’s Leaders Today, programa que visa relacionar jovens músicos e gestores ligados ao setor orquestral com o objetivo de incentivar a liderança e o pensamento inovador, empoderando a nova geração e trazendo à tona novas ideias. A atividade integrou a agenda da 3ª Conferência Internacional MultiOrquestra, realizada de 10 e 12 de maio, no Sesc Bom Retiro, por meio do programa Transform Orchestra Leadership, do British Council, que contou com a parceria da Santa Marcelina Cultura. 

No encerramento da programação de quarta-feira, dia 11, os jovens realizaram uma sessão em que elencaram três questões que envolvem a democratização: acessibilidade, nova estrutura para a orquestra e o papel da mulher na música clássica. Por acessibilidade entende-se “música para mais pessoas”. Além disso, foi abordada a questão da concentração de espaços culturais na região central e da periferia carecer de teatros e salas e ter cada vez mais habitantes, consequentemente, para ir a um concerto na região central, é preciso enfrentar horas de deslocamento.  Os jovens defenderam ainda a ideia de que a orquestra deve também ser responsável por formar um novo público. Eles também se mostraram preocupados com a estrutura rígida das orquestras e da falta de participação dos músicos no cotidiano e nas decisões. Por fim, abordaram a questão do machismo presente na música clássica, e constataram que falta espaço para regentes e compositoras mulheres.

 

Partiparam do Tomorrow’s Leaders Today, dezesseis estudantes de instituições musicais como EMESP Tom Jobim, Programa Guri, Escola Municipal de Música de São Paulo, Instituto Bacarelli, Academia Osesp, USP e Neojiba.  A atividade reuniu um grupo de jovens que não se conheciam e que, entre os dias 6 e 9 de maio, debateram sobre questões como: o que é a música, qual a importância da música na vida de cada um. A partir de reflexões pessoais, foram abordados aspectos mais coletivos sobre o cenário musical e orquestral.

 

Os debates e atividades foram conduzidos por autoridades no campo da música erudita do Brasil e do exterior, como Katherine Zeserson, ativista cultural que trabalha com foco na estratégia prática e desenvolvimento profissional nos campos da música, arte e cultura, Paulo Zuben, diretor artístico-pedagógico da Santa Marcelina Cultura, e Jan Raes, diretor executivo da Royal Concertgebouw Orchestra.  

 

Após a conferência, conversamos com seis desses jovens: Ananda Gusmão, 19 anos, aluna do Programa Guri do Polo CEU Cidade Dutra,  integrante do Coral Juvenil e graduanda em História da Arte na Unifesp; Júlia Simões, 20 anos, aluna do 3º ciclo da EMESP Tom Jobim  e de Educação Musical na Unesp; Hélio Góes, 24 anos, aluno da Academia Osesp e da Faculdade Cantareira; Andrey Ivanov, 22 anos, aluno de piano na Escola Municipal de São Paulo e de regência na Unesp, Eduardo Raele, 24 anos, formando do curso de licenciatura em Música da USP  e produtor da Camerata Profana e Rodrigo Poggian Lopes, 26 anos, da Orquestra Sinfônica Heliópolis, um dos programas do Instituto Baccarelli.

 
Crédito: Flávio Florido

Dentro dos três pontos abordados os jovens fizeram um detalhamento das questões apontadas e destacaram aspectos como a importância de “empoderar os músicos” e o sentido social do fazer musical. Com relação à acessibilidade, os estudantes se mostraram preocupados em como levar a música para um público mais amplo, em como levar a música para o cotidiano das pessoas. Levantaram a importância da orquestra também ser responsável por formar um novo público e de se pensar na questão das apresentações não ficarem restritas às salas de concerto e serem realizadas em outros espaços. Além disso, também defenderam o uso das novas tecnologias para democratizar o acesso da população.

 

Com relação à estrutura da orquestra, consideraram que é imprescindível ter uma estrutura menos hierarquizada, com mais participação dos músicos, e consequentemente, mais responsabilidade. Eles também acreditam que o papel da mulher na música, reflete a sociedade. “As mulheres ainda são minoria em cargos de liderança e, no mundo orquestral, não é diferente”, apontaram. Os estudantes ressaltaram a importância de trazer esses aspectos para a área da formação, para a escola.

 

Os jovens salientaram ainda a oportunidade de participar de um evento como a Conferência e do retorno que receberam do público presente. Para a aluna da EMESP, Júlia Simões, a participação nas atividades reforçou as reflexões que vinha fazendo na faculdade e nas ações que têm promovido com o Grêmio Estudantil da EMESP.  “Percebi o poder de transformar e de atingir as pessoas de uma forma significativa. Foi muito legal poder ver outras iniciativas, outras ‘formiguinhas’ por aí. A experiência também me ajudou a ter mais certeza do caminho a seguir”, constatou.

 

Hélio Góes, da Academia Osesp, apontou o retorno que tiveram após a apresentação na Conferência. “Gostei muito dos comentários. Conseguimos despertar na plateia, independentemente da idade, a lembrança de que já foram jovens e a vontade em promover mudanças”, afirmou.

 

Andrey Ivanov, aluno na Escola Municipal, frisou “a importância de poder sair do ambiente escolar e de ver que na Conferência também foram abordados aspectos que tínhamos discutido, ou seja, não estamos sozinhos”.

 

Para Ananda Gusmão, aluna do Guri, a experiência foi importante, pois “foi um respaldo para continuar pensando em como promover transformações, em ser agente das mudanças. A resposta à nossa apresentação foi um estímulo para continuar”, concluiu.

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