Logo após ser aceita para fazer parte do projeto O Neurótico e as Histéricas em 2013, banda de Arrigo Barnabé composta apenas por mulheres, Ana Karina Sebastião, aluna de contrabaixo elétrico da EMESP Tom Jobim teve o privilégio de integrar outro projeto de Arrigo que tem a participação de músicos, como o coordenador artístico-pedagógico da EMESP Tom Jobim, Paulo Braga, e Mário Manga. Além de conseguir o primeiro trabalho profissional ao lado de músicos consagrados, a entrada no grupo já rendeu à jovem de 20 anos a experiência de se apresentar fora do Brasil.
(Foto: Divulgação)
“O Arrigo quis relançar o Clara Crocodilo (primeiro álbum lançado pelo compositor em 1980) e me perguntou se eu queria fazer parte do projeto. Fiquei super empolgada. Teria de fazer um show no Chile alguns meses depois. Precisei tirar todo o repertório, pois não conhecia muito o álbum. Além disso, os arranjos eram novos, então tive de aprender na marra tudo que ele escreveu. Passei um mês inteiro estudando e não tinha uma cifra, pois a gente que toca música popular está acostumado com cifras e improvisa no meio, mas deu tudo certo. Tocar no Chile foi ótimo. Foi minha primeira viagem internacional”, afirma a jovem.
Ana Karina vem de uma família de músicos. Influenciada pelos irmãos mais velhos, revela que nunca havia pensado em se tornar contrabaixista, pois quando criança tinha mais afinidade com outros instrumentos. “Eu já sabia tocar piano e violão, pois aprendi na igreja. Só comecei a tocar contrabaixo porque meus três irmãos mais velhos tocavam bateria, guitarra e outro era cantor. Sendo assim, sobrou o contrabaixo para mim. Eles eram muito exigentes comigo. Eu não podia errar nada, senão levava bronca”, conta com bom humor a aluna que integra com os irmãos o grupo D’Brothers.
Fã do músico norte-americano de jazz, Jaco Pastorius, a contrabaixista diz ser aberta a todos os estilos musicais, mas encontrou no samba seu ritmo preferido. “Comecei gostando mais de rock, mas hoje tenho o samba como maior identificação de estilo. Eu adoro tocar samba. Eu vivo de música e sempre quero viver, pois não consigo me ver fazendo outra coisa. Música é música. Sendo de qualidade, eu gosto”, conta Ana Karina, que atualmente é patrocinada pelas empresas NIG (fornecedora de cordas) e Tagima (fornecedora do instrumento).
“Meu principal objetivo na música é, algum dia, ser reconhecida como contrabaixista. As pessoas vão dizer que conhecem Ana Karina Sebastião, a contrabaixista brasileira”, finaliza.
Entrada na EMESP
Em 2006, Ana Karina decidiu se inscrever no processo seletivo da EMESP Tom Jobim. Receosa, a jovem mostrou o seu potencial e conseguiu ser aprovada para estudar na instituição. “Quando fiz a prova, eu tinha onze anos. Meu irmão mais velho me ajudou na preparação para o teste. No dia, a sala tinha uns 35 homens e apenas eu de garotinha. Fiquei com medo, tremendo e pensando ‘o que estou fazendo aqui?’. Lembro-me que estavam na banca, o Itamar Collaço e o Celso Pixinga. Foi uma tortura, mas eu fiz tudo certinho”, conta.
(Foto: Marcus Vinicius Magalhães)
Na EMESP Tom Jobim, Ana Karina se identificou bastante com seus professores. Paulo Braga foi um deles. Segundo ela, o pianista marcou bastante sua vida musical. “Eu fui aluna do Paulo Braga quando ele dava aulas de Prática de Conjunto. Aprendi muito, pois ele incentiva o aluno a improvisar. Lembro-me de ter chegado na aula sem saber o que era improvisação até que ele me pediu para improvisar . Na época, eu imaginava ‘meu sonho será tocar um dia com o Paulo Braga’ e hoje isso se realizou", revela a jovem.
Ana Karina afirma que essas conquistas não seriam possíveis se não fosse a atenção, dedicação e incentivo de seu professor Itamar Collaço com quem teve aulas por 7 anos. “O Itamar Collaço foi muito importante para a minha formação musical. Foi ele que com muita dedicação e paciência me ensinou os primeiros passos. O que levo mais em consideração é essa excelente relação aluno/professor que tenho com ele, pois sempre me incentivou muito dizendo que eu iria longe se estudasse bastante. Na época que comecei a estudar na EMESP com o Itamar, ele era integrante do Zimbo Trio. Fui assistir alguns shows do grupo, ele também me presenteou com um CD de outro projeto dele chamado Triálogo. Desde então, comecei a ter um gosto surpreendente pela música brasileira.”
A estudante conta ainda que decidiu também se dedicar ao contrabaixo acústico, visando ter novas possibilidades sonoras em outros estilos musicais . “No mundo musical é bem comum contrabaixistas tocarem os dois instrumentos, sendo assim mais versáteis. Acho bem interessante, como músico, saber se adequar a cada estilo musical. O que mais me motivou para aprender contrabaixo acústico foi o álbum Blue Train do John Coltrane. Esse trabalho é maravilhoso e eu senti muita vontade de tocar esse som, coisa que eu não posso fazer com o contrabaixo elétrico por questões de sonoridade”, finaliza a musicista que, em março deste ano, iniciou os estudos do instrumento com o professor Marinho Andreotti na EMESP Tom Jobim.
por Marcus Vinicius Magalhães
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