Santa Marcelina Cultura, com o Guri, começa a fazer parte de eixo de educação de uma plataforma de cooperação entre Brasil e Reino Unido.
Professores e alunos do Guri cantaram e dançaram exaustivamente durante a passagem dos músicos do conservatório britânico The Sage Gateshead pelo Brasil nas últimas semanas de setembro. Sempre com um clima animado, as atividades serviram, entre outras coisas, para transmitir aos integrantes do Programa Guri uma das especialidades da escola estrangeira: o canto coral como ferramenta de integração social.
A vinda dos professores ingleses faz parte da parceria de longo prazo estabelecida entre o conservatório e a Santa Marcelina Cultura, da qual participam também o Consulado Britânico e a Secretaria de Estado da Cultura. Estão previstas atividades até 2014, inseridas no eixo de educação de um programa de parceria entre Brasil e Reino Unido denominado Transform UK.
As tratativas entre as duas instituições voltadas ao ensino musical começaram em 2010. À época, um documento de cooperação foi assinado, mas ficou guardado devido a mudanças tanto no Consulado Britânico quanto na Secretaria da Cultura. “Nós nunca abandonamos a ideia”, frisa a gestora do Programa Giuliana Frozoni. “Esse é o primeiro passo da parceria. Muitas coisas ainda estão por vir. É uma sensação de um início de relacionamento, de expectativa”, afirma.
Segundo Giuliana, a prática vocal tem forte tradição no Reino Unido, com cantores e grupos constituídos e famosos em diferentes épocas. Além de tomar contato com essas referências por intermédio dos professores do conservatório, o mais importante é a experiência de coletividade que o canto coral promove, garante a gestora. “Não se trata apenas de cantar juntos e afinados, mas, sim, estabelecer convivência e respeitar o outro”.
Com essa perspectiva, uma das atividades elaboradas dentro do escopo da parceria foi o 1º Encontro de Corais Santa Marcelina Cultura (veja matéria), co-liderado por professores do The Sage Gateshead.
Uma das entusiastas do encontro e da parceria como um todo é Katherine Zaserson, diretora do núcleo de Formação e Participação do conservatório. Ela participa do projeto desde o início das conversas, em 2010. “Penso que esse seja um início bastante forte, um início de algo que terá marcos de longo prazo: 3, 5, 10 ou quinze anos. Espero poder vir aqui daqui a um tempo, de bengala, e assistir a um concerto gigante com milhares de crianças das duas organizações”, declara em tom bem-humorado.
O fato de a parceria ter levado um tempo até se concretizar é encarado positivamente por Katherine. “Foi um tempo para cada uma das instituições pode amadurecer e se desenvolver”, diz. Para ela, desde o “primeiro minuto” em que as pessoas envolvidas se encontraram, foi possível perceber que havia “algo naquele encontro”, ou seja, que dali sairiam projetos futuros com a música como pano de fundo.
O The Sage Gateshead é conhecido mundialmente por seu trabalho desenvolvido na área da educação musical. Assim como o Guri, é direcionado para comunidades desfavorecidas, no caso, do norte da Inglaterra, região com altos índices de pobreza. Por meio do programa de Formação e Participação, que leva o ensino de música a integrantes dessas comunidades, atende aproximadamente 50 mil pessoas por ano.
“Eles enfrentam os mesmos problemas que nós. Estamos refletindo sobre os mesmos temas”, analisa Giuliana. Nessa relação de troca de conhecimentos, o Guri tem por objetivo apropriar-se do método utilizado no ensino do canto coral, principalmente no que se refere às técnicas utilizadas e às práticas em comunidades. Para o conservatório britânico, dois pontos observados com atenção serão: a abordagem utilizada no trabalho de integração social e a estrutura montada para atender uma região geográfica da extensão da cidade de São Paulo.
O coordenador de Relacionamento Institucional Mauricio Cruz ressalta a importância da parceria para o estado de São Paulo. “Temos uma lei recém-aprovada que institui a obrigatoriedade de aulas de iniciação musical na grade das escolas públicas. A Santa Marcelina Cultura, gestora do Guri, e o The Sage Gateshead são instituições que detém um tipo de experiência que pode ser útil na implantação de políticas públicas”, afirma.
Durante o intercâmbio da escola britânica, representantes de instituições culturais foram a sede da Santa Marcelina Cultura tratar do assunto. A Secretaria de Estado da Cultura e o Consulado Britânico assinaram uma carta de intenções que prevê, entre outras coisas: o intercâmbio de artistas, professores e estudantes via instituições dos dois países; o estímulo a trocas entre profissionais da área da música de São Paulo e do Reino Unido; a organização de shows e espetáculos.
Para o diretor de artes do Consulado Britânico no Brasil, Luiz Coradaza, os espetáculos musicais como o do 1º Encontro de Corais são apenas a parte visível de um intenso trabalho de cooperação envolvendo o governo brasileiro e o britânico. “Por trás disso, há uma troca de conhecimentos num nível muito profundo”, pontua. “Como apoiador do projeto, o Consulado Britânico fica muito feliz porque estamos vendo uma intensificação nas atividades”, conclui.
Giuliana, que além de gestora é regente do Coral Infanto-Juvenil do Guri, traduz com emoção o momento atual: “É a realização de um sonho!”.
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