Nos dias 27, 28 e 29 de setembro, o Theatro São Pedro realiza a estreia mundial de Ritos de Perpassagem, de Flo Menezes. A obra é uma encomenda da Santa Marcelina ao compositor, que a classifica como uma “NeutrinÓpera em dois TransAtos”. Como a definição sugere, trata-se de uma ópera pouco convencional – e é isso que o público pode esperar: algo fora do comum, totalmente novo.
Para quem já está acostumado com ópera, o espetáculo pode ser uma oportunidade de ver o gênero por uma nova perspectiva. Já para quem não está familiarizado, talvez seja uma ocasião ainda mais instigante.
Ritos de Perpassagem tem três pilares fundamentais: o pitagorismo, os neutrinos, e os ritos de passagem. Por meio de uma narrativa não-linear, a ópera descreve o “fenômeno filosófico” do pitagorismo, escola de pensamento criada pelo filósofo grego Pitágoras (570a.C.-495a.C.), a partir de episódios da vida do matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630) e do próprio Pitágoras. A intenção é mostrar como o pitagorismo é a corrente filosófica que mais influenciou a cultura humana – superando inclusive o cristianismo. Do ponto de vista macro, da história humana, Flo Menezes cria então uma metáfora com os neutrinos, partículas elementares descobertas por Wolfgang Pauli na primeira metade do século XX – as menores partículas conhecidas pelo homem, que atravessam todos os corpos quase na velocidade da luz. A isso se aliam os ritos de passagem, descritos pelo antropólogo francês Arnold van Gennep. Em seu famoso livro Os Ritos de Passagem (1909), Von Gennep reúne, analisa e sistematiza os rituais humanos que marcam mudanças de etapas e fases da vida, como batizados, casamentos e funerais. Esses ritos ajudam a balizar e mover a vida, criando significados. Assim, para Flo Menezes, o pitagorismo seria como um neutrino que atravessa a história humana influenciando nossas ações e criando ritos de perpassagem, que modificam nossa forma de ver e pensar o mundo.
E em vez da tradicional divisão entre a direção cênica (responsável pela movimentação de palco) e a musical (responsável pela orquestra e desempenho musical dos solistas), em Ritos de Perpassagem a ação cênico-musical é uma só. Com direção musical de Ricardo Bologna e direção cênica de Marcelo Gama, todos instrumentistas e cantores serão atores e músicos. Toda a Orquestra do Theatro São Pedro, o grupo Piap, e o Coro Contemporâneo de Campinas, além dos solistas do Neue Vocalsolitem, estarão maquiados e atuarão como atores, interagindo entre si e com o público.
Outra participação fundamental que a ópera tem é do Studio PANaroma, da Unesp. Órgão do Instituto de Artes da universidade, o Studio PANaroma é o mair bem equipado estúdio de música eletroacústica da América Latina, e tem direção artística de seu idealizador e fundador, Flo Menezes. Em Ritos de Perpassagem, o estúdio é responsável pela difusão eletrônica: dois anéis octofônicos instalados em volta da plateia no Theatro São Pedro retrabalham em tempo real os sons produzidos pelos músicos e cantores, envolvendo o público.
Confira abaixo trechos da entrevista de Paulo Zuben, diretor artístico-pedagógico da Santa Marcelina Cultura, com o compositor Flo Menezes, sobre Ritos de Perpassagem:
Abaixo, a entrevista na íntegra:
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