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Alunos e familiares do Guri Santa Marcelina assistem à apresentação da Osesp na Sala São Paulo

10 de março de 2010

Marina, Roseli e Maria Luiza: em frente à Sala São Paulo, na estação Júlio PrestesFoi um domingo, 7 de março, especial para muitas famílias dos alunos do Guri Santa Marcelina (GSM). O dia prometia. Depois de um sábado chuvoso, o tempo amanheceu limpo. Roseli dos Santos acordou suas filhas Marina, Mariana e Maria Luiza, arrumou a casa e se preparou para sair. Na terça-feira anterior, ela participou de uma reunião no polo CEU Jambeiro, Zona Leste, onde o serviço social convidou e organizou mães e familiares dos alunos para assistir ao Concerto Matinal da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) na Sala São Paulo, que fica dentro da Estação Júlio Prestes, no centro. “Queremos que as famílias conheçam o universo que os alunos do Guri vivenciam”, informa Eliane Santos, assistente social do Jambeiro. Alunos e familiares do polo CEU Vila Curuçá também foram convidados.

Roseli trabalha como babá para uma família em Itaquera, mora com as filhas e divide o mesmo quintal com dois de seus nove irmãos, em casas independentes. Nunca assistiu a uma apresentação de orquestra, mas sempre participou de atividades culturais. “Para mim é novidade. Eu não tenho condições de pagar, mas sempre levo minhas filhas a shows gratuitos, ao parque do Carmo, Sesc Itaquera.” Às nove horas saiu com Marina e Maria Luiza em direção à estação de trem de Guaianases.

Marina é aluna do polo Jambeiro desde 2008. Toca violoncelo e está no segundo ano do ensino médio. Gosta da convivência com os amigos que frequentam o polo e das aulas de canto e instrumento. Eliane explica que Marina colabora muito com as atividades do polo. “Se temos que organizar algo, lá está ela ajudando, envolvendo os colegas”. Mariana e Maria Luiza já frequentaram a iniciação musical, mas saíram pela dificuldade de contar com quem as leve. Maria Luiza quer voltar e tocar teclado. “Mas se não tiver, eu quero violão.”

Marina conta que se envolveu com a música com sete anos na fanfarra da escola, quando morava na zona Norte. “Toquei surdo, caixa, prato e dancei na frente da banda. Comecei aprender a tocar violoncelo na Unibes (União Israelita-Brasileira para o Bem-Estar Social). Pretendo continuar no Guri e depois fazer uma faculdade de música.”

Roseli, orgulhosa, lembra a apresentação solo da filha no final de 2009. “Toquei o Minueto nº2 de Bach, acompanhado pelo professor Felipe no piano. Fiquei nervosa, achei que não dava, que ia errar, mas no final consegui”, comemora Marina. Ela não tem um violoncelo. Sua mãe sonha em poder reunir as duas famílias – a dela e a do pai – para comprar o instrumento no Natal. “Mesmo usado é muito caro”. Quando quer estudar, Marina vai ao GSM, mas não tem tanto tempo, pois precisa cuidar das irmãs. “Nas férias tive que ficar com elas.”

Lenilda e Ricardo, pais de Daniela, Talita e dos gêmeos Henrique e Felipe juntos com Marina, Roseli e Maria LuizaEm frente à estação Júlio Prestes, Marina encontrou as irmãs Talita e Daniela, que estudam trompa e clarinete também no Jambeiro. Estavam acompanhadas dos pais Lenilda Maria da Silva Olandetti e Ricardo Olandetti e dos irmãos gêmeos, Henrique e Felipe, que frequentaram a iniciação musical. Ricardo estava feliz por participar da atividade. “É a primeira vez que venho. É uma boa iniciativa, um incentivo para elas e para a gente, que conhece um lugar diferente.”

As portas da Sala São Paulo foram abertas um pouco depois das 11 horas. O coro, um espaço que fica atrás da orquestra estava reservado para os alunos e familiares do GSM. Marina, Daniela e Talita foram para as primeiras fileiras. Roseli, encantada com a grandiosidade e beleza do espaço, sentou-se mais no alto. A sala de 650 lugares estava completamente lotada.

Rapidamente os músicos tomaram seus postos. Todos acompanhavam, em silêncio, a afinação dos instrumentos. Em poucos minutos surge o maestro Yan Pascal Tortelier, principal regente da Osesp e a orquestra põe-se a tocar. Maria Luiza segue, vidrada, cada movimento de Tortelier conduzindo os instrumentistas na Abertura de Ruy Blas de Felix Mendelssohn-Bartholdy. Ao término da peça, Ricardo solta um sorriso de aprovação. Outros pais se entreolham satisfeitos. Em seguida, o Concerto para Piano em Lá Menor de Robert Schumann, com solo do pianista Lars Vogt e os olhos e ouvidos se voltam ao jogo entre o solista e a orquestra. Depois o Prèlude à l(aspas)Après-midi d(aspas)um Faune de Claude Debussy, que chamou atenção de Roseli pelo som das harpas. Por fim, Tristão e Isolda de Richard Wagner, com a soprano Susan Bullock. Passado pouco mais de uma hora a orquestra silencia, as famílias se levantam e aplaudem. No ambiente, uma sensação de quero mais. O comentário de Roseli resume o espírito de quem esteve lá. “A gente esquece todos os problemas e viaja na música. Parece que a cabeça esvazia.” Na saída muitos se encontraram. “As famílias adoraram e teve mãe que saiu com os olhos brilhando” conta Eliane, que pouco antes corria para distribuir os ingressos na entrada do concerto. “Todos gostaram muito, pois puderam ver os músicos bem de perto”, dispara Anderson Rodrigues, monitor do polo Vila Curuçá. Ao todo cerca de 120 ingressos foram distribuídos entre as famílias.

Marina, Daniela e Talita, que já conheciam a Sala São Paulo, gostaram de ver os pais acompanharem-nas. “Assim eles conhecem um pouco a vida que a gente quer ter no futuro”, explica Daniela.

Era quase uma hora da tarde e o sol brilhava bonito. A família de Daniela e Talita pegou o trem e foi passear em Itaquera. Marina, Maria Luiza e a mãe voltaram para a casa e junto com Mariana e convidados, foram almoçar a lasanha preparada no sábado à noite, felizes pelo domingo especial.

No próximo dia 21 acontece mais uma edição do Concerto Matinal, desta vez com a Orquestra Experimental de Repertório. Serão convidados os alunos e familiares dos polos CEU São Mateus e CEU São Carlos. Até o final do ano, familiares dos 20 polos terão a oportunidade de assistir a uma apresentação de orquestra na Sala São Paulo. E a entrar no universo musical dos alunos do Guri Santa Marcelina.

 

* Foto 1: Marina, Roseli e Maria Luiza: em frente à Sala São Paulo, na estação Júlio Prestes
Foto 2: Lenilda e Ricardo, pais de Daniela, Talita e dos gêmeos Henrique e Felipe juntos com Marina, Roseli e Maria Luiza

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