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Professora do Núcleo de Música Antiga é convidada para realizar atividades pedagógicas na China

20 de agosto de 2014

Durante as cinco semanas em que esteve no país, Marília Vargas ministrou master classes, workshops e coordenou concerto de encerramento.

 


Marília Vargas realizando apresentação na China, acompanhada de um pianista chinês. (Foto: Divulgação)

 

Professora de canto barroco do Núcleo de Música Antiga na EMESP Tom Jobim, Marília Vargas esteve na China por cinco semanas, entre março e abril deste ano, para realizar master classes e recitais para professores e alunos da Universidade de Chongqing. O convite para retornar ao país ocorreu após apresentações que fez ao lado do também professor da EMESP Tom Jobim, Guilherme de Camargo, em 2013, nas cidades de Pequim e Tchon Tchin.

“A China é um país que sempre me atraiu, mas não sei exatamente o motivo. Quando vejo um grupo de chineses, em um aeroporto, parece que faço parte deles. Eu falo que são meus priminhos”, conta com bom humor.

Marília Vargas foi convidada para se apresentar no país pela primeira vez em 2013. “Fui fazer um concerto em um teatro maravilhoso, o National Centre for the Performing Arts, em Pequim. De última hora, me perguntaram se eu teria vontade de ir para Tchon Tchin, que fica no sul, para realizar um recital e depois fazer uma apresentação com alguns alunos da universidade. Os estudantes cantariam as Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos comigo. Gostei da ideia. Chegando lá, depois do ensaio, a direção me perguntou se eu daria uma master class no dia seguinte. O Guilherme e eu nos olhamos surpresos, pois tínhamos acabado de chegar, depois de uma longa viagem. Mas, pensei que poderia ser uma sementinha boa que iria plantar, então, fiz um esforço, respirei fundo e aceitei”, relata.

 

A cantora lírica aproveitou a ocasião para esboçar o desejo de retornar para passar um período mais longo, assim teria mais tempo para conhecer melhor o país e poder transmitir um pouco de sua experiência aos chineses. “Isso era um objetivo de vida que eu tinha. Fiquei esperando um convite deles que não veio. Um amigo chinês me aconselhou a avisá-los de que esperava ser convidada para retornar. Realmente, estavam esperando que eu desse o primeiro passo”, revela.

Confirmada a ida para China, a professora da EMESP Tom Jobim embarcou para o país após realizar concerto na Suíça, na segunda quinzena de março deste ano. “Passamos cinco semanas por lá, residindo na universidade. O mais interessante foi que dei aulas para os professores. Os alunos eram ouvintes do curso. Ou seja, acabei dando aula para os professores na frente de seus alunos. Isso é uma lição de humildade tremenda por parte desses professores”, conta.

“Foram cinco semanas bastante intensas e, no final, acabei convencendo-os a me deixar trabalhar também com alguns estudantes. Fizemos uma preparação com relação aos idiomas, pois eles têm muita deficiência. O brasileiro também, mas lá é bem pior que aqui”, diz.

Marília conseguiu ainda convencer os professores a montarem um coro no concerto de encerramento, pois tinha a intenção de que os alunos se apresentassem com seus mestres. “Eles acabaram acatando a idéia, mas admito que foi muito difícil, pois o repertório abrangia trechos da Flauta Mágica, uma ópera alemã de Mozart. Eles quase nunca cantam peças de Mozart, que é do período clássico. Estão acostumados com obras de compositores como Verdi, Puccini, um repertório italiano mais pesado. Então, a delicadeza do Mozart, com toda a polifonia, era muito difícil para eles, pela agilidade vocal, além do alemão ser muito difícil. Por isso, quase me arrependi de ter dado essa ideia. No final, deu tudo certo, foi lindo e eu fiquei bem satisfeita”, explica.


Ao lado de alunos e professores da Universidade de Chongqing, Marília Vargas posa para retrato. (Foto: Divulgação)

 

A professora da EMESP Tom Jobim destaca a hospitalidade e a “sede de aprender” dos chineses. “Eu me senti muito querida e eles responderam muito bem aos ensinamentos. Com o passar do tempo, fui compreendendo como era difícil para os chineses fazerem aquilo que eu estava pedindo, pois não fazia parte da estética deles. Fui percebendo o progresso a ponto de ouvir coisas perfeitas em alemão. Além do respeito que tinham pelo o que eu estava ensinando e da vontade de aprender, foi algo incrível. No último dia, uma aluna cantou uma área de As Bodas de Fígaro, de Mozart, que eu tinha mostrado alguns exemplos do recitativo, de como eu queria. Ela cantou perfeitamente. Eu me emocionei e ela me perguntou o motivo de eu estar chorando. Disse que sabia o quanto de trabalho significou para ela e que, dentre todos os presentes que eles tinham me dado, aquele era o melhor de todos: o resultado do meu trabalho ali. Essa menina chorou muito”, revela.

Marília Vargas conta ainda que apesar de sempre visitar o país ficou surpresa com a recepção que teve. “Vou todos os anos para a China, desde 2004. Mas, passo apenas dez dias ou uma semana, como turista. No ano passado em que eu fui pela primeira vez cantar lá, já senti uma diferença de tratamento. Senti uma acolhida muito grande, principalmente do público. Depois da apresentação em Pequim, ganhei muitas flores. Então, já tinha sentido essa emoção no ano passado, em um curto período e, neste ano, durante as cinco semanas, foi uma coisa impressionante, pois a equipe de professores me adotou. Eles “brigavam” pelo meu tempo, para ficarem comigo. Eu fui muito mimada”, conclui.

 

por Marcus Vinicius Magalhães

 

 

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