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Chorões dão entrevista ao Guri Santa Marcelina

23 de setembro de 2008

Um bate papo descontraído com o grupo Engole o Choro!

Engole o choro! - Aula-espetáculo no CEU MeninosO Engole o Choro! é formado por quatro “chorões” (nome popularmente dado aos músicos que tocam o gênero): Lucila Ferrini (flauta transversal), Renan Bragatto (cavaco e bandolim), Helvio Mendes (percussão) e André de Oliveira Santos (violão).

Eles se juntaram em 2007 e hoje fazem parte da lista de grupos que se apresentam nas aulas-espetáculo do Guri Santa Marcelina. Numa conversa descontraída, Lucila Ferrini – que também é professora de flauta do programa – falou sobre o nascimento do conjunto, a importância das aulas-espetáculo e ainda contou algumas curiosidades do universo do choro.

Confira!

Guri Santa Marcelina – Como surgiu o Engole o Choro?

Engole o Choro – O Engole o Choro surgiu da seguinte forma: exceto o André (violonista), todos nós fazemos parte do grupo de choro da UNESP, que é onde estudamos. Quem conheceu o André primeiro fui eu, através de uma amiga, há um tempo atrás. E de lá pra cá, fomos nos encontrando e conversando, até que surgiu a oportunidade de todos nós tocarmos num bar, no Ipiranga. Daí, de lá pra cá, só unimos o útil ao agradável (risos).

GSM – Por que vocês escolheram o chorinho como gênero central do grupo?

EOC – Todos nós somos apaixonados por música brasileira e os meninos conhecem muita coisa. O choro é uma dessas paixões e achamos importante não deixar que nossa música tradicional caia no esquecimento por falta de execução.

O que é choro?  

O choro tem mais de um século de existência: o gênero musical nasceu em meados de 1870. O ritmo surgiu graças à influência de gêneros estrangeiros como o maxixe, a valsa e a polca.

GSM – Durante as aulas-espetáculo, vocês contam diversas curiosidades sobre os músicos interpretados. Vocês podem contar algumas pra gente agora?

Engole o choro! - Aula-espetáculo no CEU MeninosEOC – Nossa, difícil escolher…Sabe como o Jacob do Bandolim começou a tocar bandolim? A família dele tinha uma pensão no Rio e um dos moradores era um francês cego que tocava violino e passou a dar aulas para Jacob. Só que o menino gostava mais de tocar o instrumento com os grampos de cabelo que pegava da mãe, como se fosse uma palheta mesmo. Daí veio o diagnóstico: “esse menino quer tocar é bandolim!”.
Tem também as histórias de algumas músicas, como por exemplo a “Santa Morena”, também do Jacob, que foi escrita quando ele foi pra Espanha e se apaixonou por uma espanhola. A música é toda em estilo flamenco e isso é reforçado quando entra a castanhola. A meninada gosta bastante.

GSM – Como vocês se sentem antes de iniciar uma aula-espetáculo? Existe aquele nervosismo?

EOC – Acho que o nervosismo dá lugar à satisfação de tocar para aquelas crianças. Conforme a gente vai se apresentando, vai ficando melhor e mais natural, e os meninos do grupo são muito experientes. O nervosismo acaba diminuindo. Então, antes de começar, a gente torce para que dê tudo certo e aproveitamos da melhor forma a oportunidade de estarmos lá. E assim fazemos o melhor possível.

GSM – Lucila, você assume a frente durante as aulas-espetáculo. Quais são os grandes desafios em ensinar música às crianças?

EOC – O maior desafio (e muito natural, eu acho) é prender a atenção da meninada e raciocinar rápido,

Você sabia?

Os instrumentos típicos do choro brasileiro são: violão de 7 cordas, o violão, o bandolim, a flauta, o cavaquinho e o pandeiro.

quando precisamos fazer alguma alteração de acordo com as necessidades. Às vezes precisamos tirar, colocar ou mudar a forma de fazer alguma coisa. Por exemplo, na nossa primeira aula-espetáculo estavam presentes crianças a partir de 4 anos de idade. Não dava pra chegar e dizer “porque o choro, surgido entre 1870 e 1880, no Rio de Janeiro…”, ou “as danças européias, como a polca, a mazurca, a valsa austríaca…”.
É claro que se essas informações fossem passadas, seria da maneira mais leve e objetiva possível, para compreensão do nosso público. O nosso objetivo nessas aulas-espetáculo é apresentar e aproximar nosso público do choro, mostrar-lhes outros ritmos e explicar que esse tipo de música está muito mais presente no nosso dia-a-dia do que parece, além de despertar o interesse deles. Se chegarmos lá e só despejarmos informações, vai acontecer exatamente o contrário, fugindo da nossa principal proposta.

GSM – A música é um instrumento maravilhoso para a inclusão sociocultural. Por isso, muitos alunos mudam o seu comportamento, quando entram em contato com o programa do Guri Santa Marcelina. Como vocês se sentem fazendo parte desta mudança?

EOC – Ficamos lisonjeados e muito contentes. Ao mesmo tempo, sabemos o tamanho da nossa responsabilidade. Não estamos lá apenas como músicos, mas como educadores. Precisamos ter alguns cuidados, porque de uma forma ou de outra, os alunos nos vêem como exemplos. E temos o dever de zelar por isso.

GSM – Durante uma aula, existe a troca mútua de experiências entre alunos e professores. Quais são as experiências que vocês tiram de cada aula-espetáculo?

EOC – Cada aula-espetáculo é singular e nos ensina coisas diferentes. São aprendizados de diversas naturezas, desde até onde nosso público nos permite brincar e interagir, até coisas que funcionam bem ou não nas aulas-espetáculo. Aprendemos com eles o tempo todo e isso, além de ser muito gratificante, nos ajuda a crescer (em diversos aspectos) e a realizar um trabalho cada vez melhor.

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