Maestro observou aperfeiçoamento dos alunos e reforçou que a única forma de aprender um instrumento é se dedicar o máximo de tempo possível aos estudos
O maestro residente da Juilliard School, George Stelluto, está se familiarizando com o Brasil e, principalmente com a Orquestra Sinfônica do Guri. Pelo segundo ano seguido, ele esteve à frente do grupo com uma proposta de trazer desafios técnicos e envolver cada vez mais os alunos no ambiente da música erudita. Nos mesmos moldes do ano passado, passou uma semana conduzindo ensaios, que desaguaram em um concerto no Theatro São Pedro, em setembro.
As visitas do regente fazem parte do programa de relacionamento de longo prazo que a Santa Marcelina Cultura vem construindo com a escola estadunidense e com outras instituições de música estrangeiras. Dessa vez, Stelluto também promoveu um seminário de regência para professores do Guri e da EMESP.
Em entrevista por e-mail, o músico norte-americano, que tem no currículo experiências com orquestras dos Estados Unidos, Europa, Ásia e América do Sul, disse que a segunda temporada com os guris “foi fantástica”. “Eles melhoraram em muitos aspectos. Foi possível sentir a inteligência musical do grupo sendo trabalhada”, comentou.
No ano passado, Stelluto observou que os alunos tinham “fome de aprendizado”. Quando perguntado se a impressão permanecia a mesma, respondeu que sim e citou uma frase de um dos vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2013, Thomas Sudhof. “Devo reconhecimento ao meu professor de contrabaixo. Ele me ensinou que a única maneira de fazer algo corretamente é praticar e ouvir, praticar e ouvir, por horas e horas e horas”.
A jovem violinista Valcimara Martins, 17, integrante da Orquestra, concorda com a fórmula e acrescente um ponto: o conhecimento musical como um todo. “Se a gente quiser tocar bem em uma orquestra, por exemplo, tem que se dedicar muito ao estudo geral de música, não apenas ao instrumento”, afirmou. Ela contou que estuda quase todos os dias, mas sempre pensa “que poderia ter se aprofundado mais”.
Nas duas vezes em que teve a oportunidade de estar com Stelluto, ano passado e recentemente, disse que aprendeu a “ter concentração tanto quando está tocando quanto no momento em que o maestro gesticula”. “O modo como ele fala e olha no momento do ensaio faz a gente crescer”. A violoncelista Gabriella Siqueira, 18, companheira de grupo, por sua vez, frisou o “respeito à hora do silêncio, tocar até onde ele indica”.
Em concordância com a opinião de Stelluto, Gabriella declarou que “estávamos mais preparados do que na vez anterior” e que “o nível técnico estava mais alto”.
As duas garotas, além da paixão pela música, possuem uma meta em comum: entrar em uma universidade de música para seguir carreira na área.
Seminário
Com a proposta de aproximar o maestro dos professores, que acompanham diariamente a evolução dos futuros músicos, organizou-se um seminário de regência, realizado durante uma semana no prédio da EMESP Tom Jobim. Stelluto falou da importância de “desenvolver o músico tanto no aspecto intelectual quanto em atividades ligadas à emoção”. “Foi uma série de aulas muito bem sucedida. Os professores estavam muito interessados, espero que tenhamos compartilhado boas ideias para aplicar no futuro”.
Para os próximos anos, pensa em realizar a mesma atividade, mas com ênfase na prática de regência e com um período mais longo de estudos. O maestro também imagina uma “espécie de retiro com jovens músicos, para que possam focar na prática musical em um intensivo de alguns dias”.
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