Santa Marcelina Cultura

MENU

NOTÍCIAS

Salvador mudou o “modo de ver as coisas”

25 de novembro de 2011

Alunos do Guri viajam a Salvador, Bahia, para realizar dois concertos e intercâmbio com Neojibá e Escola Olodum.

“Vou sair daqui com uma percepção e um modo de ver as coisas muito diferentes.” A frase de Thayane Ladislau Santos, aluna de trombone do Polo Centro Educacional Unificado (CEU) Navegantes, no aeroporto de Salvador, pouco antes da Banda Sinfônica Infanto-Juvenil do Guri retornar a São Paulo, é um resumo da excepcional vivência que os 51 alunos do Programa tiveram nos quatro dias em que estiveram em Salvador.
Não é por menos. Foram dois concertos, master classes, ensaios e a experiência de dividir o palco com integrantes do Neojibá – Núcleos de Orquestra Juvenil e Infantil da Bahia – e a Escola Olodum além de passeios turísticos pelo Pelourinho, no centro histórico da capital baiana.
Para a grande maioria dos alunos, a viagem foi a primeira fora do Estado de São Paulo e também a primeira a ser feita por avião como lembra Vitória Nunes, aluna de trompa do Polo CEU Jambeiro: “fiquei morrendo de medo, mas depois perdi até o receio de altura”, conta.
A expectativa com a viagem era tão grande entre os familiares que houve quem foi ao Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos (veja aqui) no início da noite do sábado, 12/11.
Já em Salvador, no domingo, o grupo foi até o teatro Castro Alves, sede do Neojiba, para assistir aulas com professores de instrumentos de sopro e percussão. Antes conheceram como funciona o projeto, inspirado no El Sistema venezuelano, que conta com estudantes de música e orquestras infantis e juvenis no estado da Bahia.
À tarde, ensaiaram no salão da paróquia da Ressurreição do Senhor, no bairro Ondina, participaram de atividades em grupo e fizeram uma rápida visita à praia. À noite, o concerto foi o primeiro grande desafio do grupo em terras baianas. Os alunos responderam muito bem segundo avaliação do público presente que lotou o espaço, não arredou o pé até o final do concerto e aplaudiu efusivamente os guris. “Eles [o público] foram bem receptivos. Eu até pensava que o pessoal pudesse gostar bastante, mas não imaginava que a recepção seria tão calorosa”, lembra Thayane.
No dia seguinte o desafio foi ainda maior: a apresentação no Teatro Vila Velha, no bairro de Campo Grande,  às 20h, tinha como convidados os integrantes do Neojibá e da Escola Olodum, que ensaiaram juntos cerca de duas horas antes do concerto.  Mais uma vez o público retribuiu ao esforço da trupe. Wagner de Oliveira Silva Junior, aluno de clarinete do polo CEU Vila Curuçá, conta que a integração com o Neojibá foi total, pois “estavam muito dispostos a tocar. Com o Olodum, a gente experimentou o novo e saímos super felizes por realiza nosso sonho”, explica.
No dia seguinte, de lazer,  o grupo foi até o Pelourinho conhecer o centro histórico da primeira capital do país e passeou pelo Mercado Modelo e Farol da Barra. À tarde os guris se divertiram na piscina do hotel antes de retornar a São Paulo,na madrugada seguinte ao feriado de 15 de novembro.
Para Mario Silva Santos, aluno de flauta do Polo CEU São Mateus muita coisa na viagem foi legal, principalmente “conhecer melhor os integrantes da Banda, que eu nem conversava”, exemplifica. Na mesma linha de pensamento, Beatriz da Silva Henrique, aluna de clarinete do polo Júlio Prestes conta que ir a Salvador foi um momento de conhecer mais pessoas e adquirir experiência. “A gente provou que quando quer fazer algo, fazemos bem feito”.
Jackson Lopes da Silva, aluno de flauta do polo CEU Navegantes viu a viagem como um marco, “porque conhecemos pessoas que têm o mesmo sonho que o nosso”. Ele comenta que há em Salvador “pessoas com pensamentos em comum, estudando e com os mesmo objetivos. Quem sabe, futuramente, podemos nos encontrar novamente”, reflete.
Para Phillips Thor Emídio, aluno de eufônio do Polo Curuçá, a viagem representou o crescimento do grupo, que “ganha mais confiança para os próximos concertos”. Ele confessa que a ida a Salvador vai ficar marcada para o resto de sua vida. Irmã Rosane Ghedin, diretora-presidente da Santa Marcelina Cultura, Organização Social (OS) que administra o Programa Guri na região metropolitana de São Paulo pensa da mesma forma. “O essencial é fazer um intercâmbio, não como crianças que aprendem música, mas como jovens e adolescentes que querem conhecer a vida”. Com certeza toda vivência que os alunos do Guri tiveram pode ser percebida no pensamento de Jackson: “Salvador é bem diferente daquilo que se fala na televisão. Dizem que o povo é preguiçoso, mas não é. O povo é simpático e a cidade bem histórica. O começo do Brasil está aqui e tem que preservar porque somos um país bem rico e com muita história”, termina. Histórias que esse 51 alunos vão levar para a vida afora.
A viagem a Salvador teve o patrocínio da ISA-CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) através da lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal.

Familiares acompanharam saída

A apreensão da viagem para Salvador estava presente no rosto de cada aluno que subia no ônibus em direção ao aeroporto de Guarulhos. Mas não só neles. Parentes que acompanharam os filhos despediram-se dos guris com muitos abraços, beijos, sorrisos e recomendações.
Ester Nicolina Elias Lopes e Irineu Antonio Lopes, pais de Isaque Elias Lopes e Gabriel Elias Lopes, alunos de trompa e eufônio no Polo CEU Perus, chegaram bem cedo e foram os últimos a irem embora, só depois que os ônibus saíram em direção ao aeroporto. “Eles [os filhos] estão emocionados, nós ainda mais. O Isaque me disse, (aspas)mãe, eu não acredito que vou viajar para fazer música, e ainda de avião(aspas). Isaque tem 16 anos e está muito empolgado. Gabriel, com 14 [anos], está com um pouco de medo”, confessa Ester. Ela explica que os meninos nunca saíram sozinhos. “No máximo foram até a casa da avó. Eu torço para que tudo dê certo com eles”, finaliza.
Antonio também conta que os filhos estão felizes por viajar junto com os amigos Nicolas Herbert Pontes Franco e Kevin Fernando Pontes Franco, alunos de eufônio e tuba no mesmo polo, e amigos desde a infância.
Ao chegar no aeroporto, o grupo encontrou os pais de Bruna Mayara Godoi Inácio, 15 anos, aluna de clarinete do Polo CEU Inácio Monteiro.  Marcos Roberto Lima Inácio, Patricia Norberto Godoi Inácio a tia e avó de Bruna, que moram em Guaianases, na Zona Leste de São Paulo, aproveitaram a proximidade com o aeroporto e o sábado e foram se despedir da jovem que, como a maioria dos guris, embarcavam em um avião pela primeira vez.
 

Este site utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Consulte a Política de Privacidade para obter mais informações.