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Intercâmbio com o Sage Gateshead discute educação musical

12 de novembro de 2013

Pelo segundo ano consecutivo, professores do Reino Unido compartilham experiências com alunos e corpo pedagógico do Programa; em um dos eventos, foi apresentado o relatório do primeiro ano  da parceria   

“As músicas vão ficar gravadas por muito tempo em nossas memórias”. Dessa maneira, Amanda Bispo, 17, integrante do Coral Juvenil do Guri, resume a vivência com educadores do centro de ensino Sage Gateshead, do Reino Unido. O intercâmbio, norteado por discussões acerca da educação musical e realizado entre os dias 5 e 19 de outubro, contou com workshops, seminários, encontros pedagógicos e apresentações musicais cheias de energia.

Esse foi o segundo ano da parceria estabelecida com a Santa Marcelina Cultura, gestora do Guri na capital e na Grande São Paulo. Uma comitiva de oito pedagogos musicais estrangeiros, dentre eles a diretora de Aprendizado e Participação do Sage Gateshead, Katherine Zeserson, ficou responsável por conduzir a maratona de atividades, junto com um time de profissionais do Guri.

No ano passado, músicos do Sage Gateshead vieram ao Brasil e estimularam a produção do 1º Encontro de Corais da Santa Marcelina Cultura. Em maio deste ano, gestores e professores do Guri foram a Inglaterra conhecer o trabalho desenvolvido em comunidades, que atende a cerca de 100 mil pessoas de todas as idades por ano.

O tema educação musical democrática e inclusiva foi o fio condutor da visita, tanto com exercícios práticos quanto com discussões teóricas. Para sistematizar algumas das ideias que vem sendo desenvolvidas desde o início das conversas entre os dois projetos, foi realizado o Encontro de Pedagogia Musical Social, destinado a professores, estudantes, produtores culturais, formadores de políticas públicas e classe artística em geral. No evento, o público tomou conhecimento do conteúdo do relatório de um ano de parceria entre as duas organizações.

“O mais importante de estarmos aqui é o que essa parceria está gerando de questionamento acerca do que vem a ser uma educação musical democrática”, disse Katherine, em uma de suas falas em público. Segundo ela, alguns pontos devem ser observados para essa construção: 1) Criar conhecimento coletivamente; 2) Criar condições propícias para a assimilação desse conhecimento; 3) Enfrentar os desafios e respeitar a diversidade de opiniões; 4) Reconectar-se com a alegria do fazer musical.

A alegria à qual Katherine se referiu pôde ser observada nas apresentações musicais realizadas dentro da programação do intercâmbio, tais como as duas inseridas na série “Horizontes Musicais” e o concerto de encerramento com o Coral Juvenil do Guri, na capela do Pateo do Collegio. A percepção da integrante do Coral, Reslaine do Nascimento, 14, foi de que “eles nos mostraram como uma música simples pode significar tanto, se a gente colocar o sentimento nela”.

A gestora artístico-pedagógica do Programa, Giuliana Frozoni, entende que a relação de aprendizado estabelecida “ultrapassa os limites da técnica musical”. “A cada intercâmbio, os alunos aprendem muito mais do que música”, comentou. “Eles se sentem muito gratos por receberem professores que tem a disponibilidade de compartilhar seu tempo, seu saber, sua sensibilidade”. 

A colega de grupo Amanda ressaltou como ponto positivo o aprendizado “de novas formas de musicalidade” e disse que durante os ensaios diferentes tipos de sentimentos emergiram, “tudo ao mesmo tempo, é até difícil explicar o que aconteceu”.

A experiência também foi muito marcante para os educadores do Reino Unido. “É inspirador ver o impacto que o Guri tem na vida desses jovens”, comentou Kat Davidson após o término de um dos espetáculos. Para ela, o Programa pode servir de modelo para ações no nordeste da Inglaterra, onde é sediado o Sage Gateshead. “Podemos extrair muito do método do Guri de pedagogia social e do alto nível de suporte que os jovens recebem”.

Edward Milner, que veio pela primeira vez ao Brasil nessa visita e foi o regente do Coral no emocionante concerto no Pateo do Collegio, afirmou que carregará dentro de si “a alegria brasileira e o sorriso no rosto das crianças”. “Eles têm isso naturalmente”, observou.

Apresentação da ISME  

Um dos eventos que integrou a agenda do intercâmbio foi a apresentação pública da 31º edição da ISME (International Society for Music Education), realizado em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, no Salão Nobre da repartição. O Coral Juvenil do Guri, que foi convidado para participar do concerto de abertura da Conferência em julho de 2014, cantou três peças. Na plateia, estavam representantes de instituições culturais e do British Council, que vem incentivando e englobando essas ações em um programa de artes denominado British Council Transform.

Em um discurso com tom otimista, Katherine lançou ideias com o propósito de estimular a reflexão. Por meio de um ensino musical de qualidade, que influencie também o sistema de ensino formal, analisou, “conseguimos mudar a vida das crianças não apenas nos aspectos musicais, mas como um todo. E mais ainda, podemos promover uma verdadeira transformação da sociedade”. “Os desafios podem ser superados por meio da música”.

Em se tratando de uma parceria de longo prazo, Giuliana afirmou que as ações devem se ampliar, envolvendo cada vez mais pessoas. “A ideia é consolidarmos um trabalho comum, de tal forma que, ao final, sejamos um grupo único de professores, alunos, coordenadores e gestores e não apenas duas instituições distintas. Com esta parceria tem sido possível obter um ganho social, artístico e pedagógico nas duas organizações”, finalizou. 
 

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