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Camerata Aberta apresenta o concerto Tempo no Sesc Vila Mariana

14 de novembro de 2013

No dia 19 de novembro, terça-feira, às 21 horas, no Sesc Vila Mariana, a Camerata Aberta – grupo estável de professores da  EMESP Tom Jobim, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura, sob gestão da Santa Marcelina Cultura – apresenta um concerto essencialmente de repertório brasileiro e mais uma obra do compositor italiano Luciano Berio, morto há dez anos.

A regência é do francês Guillaume Bourgogne – integrante do conselho artístico do grupo –, profissional respeitado e muito antenado com o que acontece de melhor na produção erudita em todo o mundo e que traz ao grupo um olhar diferente de fazer música. O programa traz cinco peças de jovens compositores brasileiros e mais duas obras do século XX, da consagrada compositora Marisa Rezende, que faz parte do conselho artístico da Camerata Aberta e do vanguardista italiano Luciano Berio. Os ingressos custam R$ 10,00 (inteira) com descontos para usuários e trabalhadores inscritos no Sesc.

O concerto abre com Flashforward (2012), obra de Januíbe Tejera (1979), que é formado no Conservatório de Paris e vem recebendo encomendas para composição instrumental de diversas instituições estrangeiras. Flashforward é uma das peças construídas a partir da teoria do zoom musical, onde um fragmento ou um parâmetro musical é ‘focado’ de modo a guiar a escuta e o título surge de uma das conferências de Umberto Eco em Harvard, na qual desenvolve a questão do poder de induzir a imaginação por meio de signos para a percepção, e assim criar a sensação de antecipação (ao inverso do flashback). A obra foi encomendada pelo Festival de Darmstadt e estreada pelo Ensemble Linea.

Na sequência, La solitude de l’instant zero (2011), de Francisco Ferro (1981), que passou seus primeiros anos de vida na França, formou-se pela Berklee College of Music (BM), Tufts University (MA) e atualmente é doutorando em Composição na McGill University, em Montreal, no Canadá, e compositor em residência na McGill Symphony Orchestra. A Solidão do Instante Zero, título traduzido da obra, emprega vários métodos de distorção sobre os diferentes elementos estruturais que conduzem a peça, seja de um objeto sonoro por processos rítmicos em diversos níveis, a distorção de um timbre pela introdução progressiva de ruídos, de uma pulsação modificando sua velocidade, amplitude ou direção, entre tantos outros. Foi estreada em abril de 2012 pelo McGill Contemporary Music Ensemble, sob a direção de Cristian Gort.

O grupo segue com a obra histórica Ricorrenze (1985-1987), escrita pelo italiano Luciano Berio (1925-2003) em homenagem aos 60 anos de Pierre Boulez. A composição explora os gestos e a musicalidade específica da escrita para quinteto de sopros. Berio é considerado um dos maiores artistas da segunda metade do século XX e que influenciou inúmeros compositores que o sucederam. Sua obra concilia o rigor e a inventividade da escritura contemporânea com a vivacidade e a espontaneidade encontrada nas músicas populares tradicionais. Sua produção destaca-se pelas pesquisas com a escrita vocal – em todas as suas possibilidades, desde a canção folclórica até o teatro musical –, além de obras de referência para instrumento solo, camerísticas, orquestrais e eletroacústicas.

Na volta do intervalo, a Camerata Aberta toca uma peça da consagrada compositora brasileira Marisa Rezende (1944). Olho d’Água (2011-2012) foi composta sob encomenda da XIX Bienal de Música Contemporânea, em 2011. Inspirada em um mínimo elemento da natureza que, com sua efervescência provinda das entranhas da terra alimenta os cursos dos rios, a obra fala também do olhar humano, emocionado, ante o mistério da vida. Natural do Rio de Janeiro, Marisa Rezende é compositora e pianista, com mestrado e doutorado realizados na Universidade da Califórnia, e pós-doutorado na Universidade de Keele, Inglaterra. Foi professora titular de Composição da EM/UFRJ até 2002, onde fundou o Grupo Música Nova em 1989 e, entre 2003 e 2008, compôs Vereda para a OSESP.

Outro jovem compositor brasileiro selecionado pelo programa é José Henrique Padovani (1981) com a obra Impedance (2010), que explora poeticamente a ideia de “impedância”, medida de impedimento ou oposição ao movimento. O título remete também às palavras “ímpeto” e “dança”, o que se relaciona com a condução rítmica/temporal e com a escrita baseada em figurações instrumentais que marcam métrica e gestualmente o percurso da peça. A peça foi escrita para o 41º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, em 2010, e ficou em 1º lugar no Prêmio Camargo Guarnieri de composição musical. Paulistano, Padovani logo foi morar em Belo Horizonte, onde formou-se em composição pela Escola de Música da UFMG (2006). Pós-graduado pela Unicamp e, desde 2012, é professor de composição, música eletroacústica/computacional, sonologia e análise musical na Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa.

Chegando à parte final do concerto, a Camerata Aberta apresenta uma obra estruturada em dois movimentos contrastantes, mas complementares, intitulada Trio para quatro (2009-2012), de autoria do brasileiro Martin Herraiz (1980), que nunca teve uma aula de composição. É bacharel em design, mestre em musicologia, Escreveu a dissertação ‘O Estranho Perfeito: a música orquestral de Frank Zappa’, trabalho pioneiro no meio acadêmico brasileiro.

E encerrando o programa, o grupo formado por professores da EMESP Tom Jobim toca uma peça inspirada na série de quadros do pintor brasileiro Iberê Camargo e intitulada ‘Carretéis’. De autoria do compositor paulista Alexandre Lunsqui (1969), a obra Drawing for Iberê (2009) aborda do figurativismo ao abstracionismo, os carretéis como elementos importantes da infância do pintor, representados em suas telas ao longo de sua vida. Foi executada pela primeira vez pelo Nieuw Ensemble, em 2009, no Musiekgebouw, de Amsterdã. Lunsqui estudou na Unicamp, University of Iowa, Columbia University e IRCAM. Suas obras foram tocadas em mais de vinte países por grupos como o Ensemble Aleph, Arditti String Quartet, Argento Chamber Ensemble, Ensemble Cairn, Nieuw Ensemble, entre muitos outros. É professor de composição na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e em 2011, recebeu uma encomenda da prestigiosa New York Philharmonic, além de já ter escrito a pedido da OSESP, Filarmônica Bachiana e Access Contemporary Music de Chicago.

Programa:
Regente: Guillaume Bourgogne
 
Januíbe Tejera  
Flashforward  
                         
Francisco Ferro
La solitude de l’instant zéro
 
Luciano Berio
Ricorrenze   
 
Intervalo
 
Marisa Rezende
Olho d’Água
 
José Henrique Padovani    
Impedance
 
Martin Herraiz    
Trio para quatro
 
Alexandre Lunsqui 
Drawing for Iberê

Guillaume Bourgogne
Estudou nos conservatórios de Lyon, sua cidade natal, e de Paris. Venceu o prêmio de regência orquestral tendo Janos Fürst como professor. Atualmente é codiretor artístico do Ensemble Cairn (Paris) e integrante do Conselho Artístico da Camerata Aberta. É frequentemente convidado a reger orquestras como a Orquestra Gulbenkian (Portugal), Filarmônica de Seul, Nacional de Bordéus-Aquitânia, Filarmônica de Nice, entre outras. Além de reger o repertório dos séculos XIX e XX, também conduz grupos de música contemporânea como o Court-Circuit, L’Itinéraire, Ensemble TIMF e Contrechamps. Participa de festivais no mundo todo, como Festival de Inverno de Campos do Jordão (Brasil), Festival d’Art Lyrique (França), Festival Internacional Tongyeong (Coreia), Música Viva (Portugal), Ars Musica (Bélgica), Darmstadt Ferienkurse (Alemanha), Borealis (Noruega), entre muitos outros. Tem estreado obras de diversos importantes compositores. Guillaume Bourgogne dirigiu a Camerata Aberta em seu CD de estreia, Espelho d’Água, lançado pelo Selo Sesc em 2012 e vencedor do Prêmio Bravo!.

SERVIÇO:

Camerata Aberta – Tempo
Data: 19 de novembro, terça-feira
Horário: 21h
Local: Sesc Vila Mariana
Endereço: R. Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo
Ingressos: R$ 10,00 [inteira]
                  R$ 5,00 [usuário inscrito no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]
                   R$ 2,00 [trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no SESC e dependentes]
 

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